CONFERÊNCIA III

 O LUGAR DA COMUNA DE PARIS NA HISTÓRIA DAS REVOLUÇÕES

Conferencista: Prof. Dr. Valério Arcary – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - IFCT-SP

Resumo: Quando da redação do Manifesto... em 1848 (e também do Adresse... de 1850), tanto Marx quanto Engels tinham a expectativa da iminência de uma vaga revolucionária na Europa e, nesse sentido, o conceito de época, ou seja, longa duração, é simultânea e indistintamente utilizado também com o sentido de iminência de uma situação revolucionária. Quando, ao final de As lutas de classes na França, Marx sugere que uma nova crise revolucionária só se poderia esperar como refração de uma nova crise econômica é porque considerava que a situação aberta pela revolução de fevereiro de 1848 se encerrara em 1851, mas a época revolucionária continuava aberta. Não sabia que teria que esperar vinte anos para ver uma segunda onda revolucionária na Europa.
Alguns meses antes da Comuna, em outubro de 1870, Marx tinha alertado os militantes franceses vinculados à I Internacional que uma tentativa desesperada de derrubar o Governo seria precipitada. Esse julgamento não impediu, contudo, que as resoluções que redigiu em nome do Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores saudassem a audácia e bravura dos socialistas de Paris com entusiasmo. Marx viu-se obrigado a procurar ainda a “quente” uma avaliação do primeiro e efêmero governo operário e popular da história. A teoria da revolução em Marx e Engels se desenvolveu, portanto, como uma elaboração estreitamente articulada em consonância com a experiência histórica.
A obra de Marx permite-nos concluir que ele trabalhava com a hipótese de que o intervalo das transições históricas tinham uma tendência de aceleração: a transição socialista seria mais breve do que foi a transição do feudalismo ao capitalismo. Em outras palavras, revoluções políticas teriam uma dinâmica de radicalização em revolução social. E revoluções nacionais teriam uma dinâmica de extensão regional ou continental. Esta dimensão internacional assumida pela luta de classes seria o fator-chave para a análise sobre a aceleração dos tempos históricos.

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